Tendências: Extrato de Café Verde como Ingrediente Natural para Cosméticos
Miguel García / 01 August 2024
Tendências: Extrato de Café Verde como Ingrediente Natural para Cosméticos
A indústria de cosméticos e cuidados pessoais naturais está em expansão. De acordo com o estudo ‘Global Natural and Organic Personal Care Products Market 2017-2021‘, ela cresce 10% a cada ano e estima-se que ultrapasse €17,63 trilhões globalmente em 2021, desempenhando um papel fundamental na economia da Europa. Além disso, os consumidores estão cada vez mais optando por esses tipos de produtos cosméticos, como demonstram estudos recentes de tendências. Isso obriga os fabricantes a estarem em um processo contínuo de inovação e melhoria, reformulando seus produtos e buscando novos métodos de extração limpos e sustentáveis e novas fórmulas. Um exemplo desses novos componentes é o óleo de café verde (GCO). Discutimos seus benefícios e métodos de extração no artigo a seguir.
Extratos Renováveis e Sustentáveis: Óleo de Café Verde
Os cosméticos naturais continuam a dominar a indústria, pois os consumidores preferem produtos derivados de fontes naturais e livres de conservantes artificiais, produzidos com maior consciência ética e ecológica e incorporando matérias-primas sustentáveis e econômicas
Como resultado, grandes empresas do setor de cosméticos reformulam cerca de 25-30% de seus produtos a cada ano. Desses, aproximadamente 10% dependem de ingredientes novos para o mercado ou para essa indústria.
Nesse sentido, os extratos vegetais são um recurso renovável e sustentável de grande importância para o setor. Isso porque promover o uso sustentável dos recursos biológicos, conservar a biodiversidade e obter ingredientes e matérias-primas sustentáveis e ecologicamente corretas são agora fundamentais. Um exemplo desses extratos é o óleo de café verde (GCO).
O óleo de café verde é um ingrediente natural que contém altos níveis de ácido linoleico (detalhes incluídos na Tabela 1), semelhantes aos encontrados no óleo de rosa mosqueta. Esse ácido linoleico, quando aplicado em produtos cosméticos, é essencial para manter a pele hidratada. Além disso, demonstrou sua eficácia na recuperação de queimaduras solares e no tratamento de problemas leves de acne, bem como no tratamento da psoríase.
Tabela 1. Comparação do Teor de Ácidos Graxos em Diferentes Óleos Naturais Usados em Cosméticos
Composição de Ácidos Graxos
Óleo de Jojoba [2]
Óleo de Amêndoa Doce [3]
Óleo de Rosa Mosqueta [4, 5]
GCO Altex
Ác. Mirístico C14:0
–
–
Max. 0.3%
0.11%
Ác. Palmítico C16:0
Max. 3%
3-9%
3.4-4.4%
32.94%
Ác. Palmitoleico. C16:1
Max. 1%
Max. 2%
Max. 0.2%
0.08%
Ác. Esteárico C18:0
Max. 1%
0.5-3%
1.5-2.5 %
7.22%
Ác. Oleico C18:1
5-15%
60-75%
14-16%
10.06%
Ác. Linoleico C18:2
Max. 5%
20-30%
43-46%
42.77%
Razão Ác. Oleico/Linoleico
1-3
2.5-3.0
0.3
0.24
Ác. Linolênico C18:3
Max. 1%
–
31-34%
2.26%
Ác. Araquídico C20:0
Max. 0.5%
0.2%
Max. 1%
3.05%
Ác. Eicosanoico C20:1
65-80%
0.2%
Max. 0.5%
–
Ác. Beênico C22:0
Max. 0.5%
0.2%
Max. 0.5%
0.71%
Ác. Eurícico C22:1
10-20%
0.1%
Max. 0.5%
<0.01%
Ác. Lignocérico
Max. 5%
–
–
0.02%
Em relação aos ácidos palmítico e araquídico, também presentes em alta concentração no óleo de café verde, eles são comumente usados nas formulações de muitas preparações cosméticas por suas propriedades emolientes, como surfactantes e agentes de limpeza.
Como obter o extrato de óleo de café verde de forma limpa e sustentável
A tendência para produtos naturais é acompanhada pela tendência de sustentabilidade nos cosméticos. Ingredientes ecológicos, livres de produtos químicos, e formulações sustentáveis formam a base sobre a qual a inovação cosmética atualmente se baseia.
Os consumidores exigem evidências que certifiquem que, por trás das alegações de eficácia, sustentabilidade e orgânico, existem produtos seguros e comprometidos com esses valores, além do rótulo “verde”.
Para resolver isso, a chave está na inovação tecnológica. É necessária tecnologia limpa para alcançar níveis muito altos de pureza e permitir um alto grau de recuperação ou exaustão do óleo natural de interesse. Essas capacidades são alcançáveis aplicando a tecnologia de extração por pressão de CO2, também conhecida como extração por fluido supercrítico.
A extração por CO2, também conhecida como extração supercrítica, é uma tecnologia industrial amplamente utilizada para certos produtos e extensivamente aplicada hoje para cosméticos e desenvolvimento de novos extratos naturais. Essa tecnologia utiliza apenas CO2 como solvente, evitando assim solventes orgânicos convencionais e a necessidade de processos subsequentes de remoção de solventes do extrato. Uma de suas aplicações notáveis é a extração limpa e segura de produtos naturais de alto valor.
Até agora, os processos de extração supercrítica de cafeína de café ou manteiga de cacau são bem conhecidos. Além disso, a extração de extratos naturais de matrizes vegetais, como o óleo de café verde (GCO), exemplifica o grande interesse e aplicação da tecnologia na indústria cosmética.
O processo de extração do óleo de café verde desenvolvido e aplicado na ALTEX (planta industrial de aplicação de tecnologia da AINIA) permite a obtenção de duas frações. Por um lado, o óleo de café verde e, por outro, a cafeína natural pura. Desta forma, são obtidas substâncias ativas naturais livres de traços e contaminantes, adequadas para a indústria cosmética. Além disso, o café verde sem óleo poderia ser usado como um produto estabilizado para fins de esfoliação natural.
ALTEX (Tecnologia Avançada de Extração), a planta industrial estabelecida pelo Centro Tecnológico AINIA, é a única planta de extração por fluido supercrítico multiproduto em operação na Espanha e uma das poucas na Europa. Seu objetivo é proporcionar acesso ao uso industrial do CO2 supercrítico em processos avançados de extração e purificação, bem como em tratamentos específicos de materiais, sempre com um compromisso com a preservação ambiental.
Se sua empresa precisar de extração de componentes como óleo de café verde usando CO2 supercrítico, entre em contato com a AINIA, e nossos especialistas poderão fornecer seus conhecimentos e experiência nesse campo. Você também pode seguir nosso espaço especializado em CO2 supercrítico no LinkedIn.
Referências
[1] El-Mallah MH et al. Investigation of Liquid Wax Components of Egyptian Jojoba Seeds. J Oleo Sci, 2009. 58(10):543-48.
[2] Flores Ahumada D. Diagnóstico de mercado del aceite de rosa mosqueta y sus posibilidades de desarrollo. 2005.
[3] Ilyasoglu H. Characterization of Rosehip (Rosa canina L.) Seed and Seed Oil. Int J Food Prop, 2014. 17(7): 1591-98.
[4] Grazjer M et al. Characteristics of rose hip (Rosa canina L.) cold-pressed oil and its oxidative stability studied by the differential scanning calorimetry method. Food Chemistry, 2015.188: 459–66.
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